Qual é a quantidade de furos indicada a minha obra? Como escolher as suas localizações e profundidades?
Nesse post conversaremos sobre uma dúvida muito comum em relação à Sondagem SPT.
Primeiramente, o que é sondagem SPT?
Standard Penetration Test (SPT), Ensaio de Perfuração Padrão, é o nome do ensaio que tem três finalidades:
1 – Fornecer o índice de resistência à penetração N em cada metro de profundidade;
2 – Identificar quais são os tipos de solos e suas respectivas profundidades de ocorrência;
3 – Posição do nível da água.
O método do SPT consiste na perfuração e cravação dinâmica de um amostrador-padrão, metro a metro. O valor N é o número de golpes necessários para a cravação de 30 cm do amostrador-padrão, após a cravação inicial de 15 cm. A saber, estes golpes devem ser realizados por um martelo de 65 kg e com uma altura de queda de 75 cm.
A sua recomendação se dá principalmente para a definição da solução de Fundação ideal e do dimensionamento da capacidade de carga do solo, todavia nem toda sondagem tem esse foco.
Agora vamos à questão.
A princípio, é pertinente trazermos a divisão de responsabilidades nesse ecossistema de execução, interpretação e uso dos resultados da Sondagem SPT.
A empresa executante do ensaio deve apresentar equipamentos padronizados e procedimentos de execução previstos na NBR 6484/2020. Por outro lado, as atribuições quanto às definições de locação, quantidade, profundidade, interpretação dos resultados e demais especificidades são do profissional geotécnico especialista contratado. Em suma, para a melhor contratação, fiscalização e controle deste tipo de serviço há de se levar em consideração tal distinção.
Como são feitas as escolhas das quantidades, locações e profundidades de uma bateria de ensaios SPT.
Primeiro é fundamental ressaltarmos que teremos normatizações específicas definidoras conforme o tipo de obra.
De tal forma que para definições referentes às Obras de Contenção de Encostas os procedimentos seguem a NBR 11682. Ela define 3 pontos de sondagem SPT por seção projetada, além de levantamento topográfico e demais questões a serem observadas a respeito das profundidades e localizações.
Assim como, para a definição dos números de pontos para Obras de Infraestrutura em estradas, há as especificações da IPR 726. Para as de Infraestrutura em Ferrovias, as da IFS 207 do DNIT.
Por fim, temos o tipo de obra foco principal da nossa conversa por ser o caso das dúvidas mais recorrentes que recebemos. São as Obras de Fundações de Edificações, nas quais o procedimento de definição do número de pontos advém da NBR 8036 de 1983. Tal norma ainda é amplamente utilizada para esse tipo de obra e continua a apoiar as decisões, mesmo após a versão atualizada da NBR 6484 exprimir a flexibilidade e responsabilidade do contratante nessas escolhas. Segundo a 8036, o parâmetro definidor da quantidade de sondagens é a área de implantação da edificação.
Quanto à quantidade de Sondagem SPT:
Se a área de implantação for igual ou menor a 1200 m², teremos 1 furo a cada 200 m². Por exemplo, uma área de implantação de 1000 m² demandará 5 furos de SPT.
Se a área for de 1200 m² a 2400 m², teremos 1 ponto de sondagem a cada 400 m² que excede os 1200 m². Por exemplo, em uma área de 1600 m² serão necessários 7 furos, pois os 6 primeiros são necessários considerando os 1200 m² (1200/6) e o último referente aos 400 m² restantes. Caso a área fosse de 1400 m², o número de furos seria mantido em 6.
Por último, a norma prevê que o profissional geotécnico deve decidir com base na necessidade técnica específica da obra nos casos em que a área é maior que 2400 m².
Importante ressaltar que mesmo que a obra tenha área de implantação inferior a 200 m² serão necessários pelo menos 2 furos. Da mesma forma, se determinada área estiver entre 200 m² e 400 m², teremos pelos menos 3 furos.
Quanto à localização da Sondagem SPT:
Conforme já dissemos, a norma prevê que a locação dos pontos deve ser fornecida pelo contratante.
Nós, na figura dos nossos consultores, normalmente, realizamos a locação após uma verificação das áreas com as maiores cargas no projeto estrutural, por exemplo, áreas de elevadores, escadas e áreas com momentos fletores elevados decorrentes de balanços. Nos casos de projetos preliminares ou de planejamento de empreendimento, quando não há ainda definição dos esforços, as sondagens são distribuídas em toda a área.
Quanto à profundidade da Sondagem SPT:
Acerca das definições das profundidades dos furos, temos que mencionar novamente a NBR 6484/2020 e sua expressa menção indicando a responsabilidade do contratante na figura do responsável geotécnico por essa tarefa. No entanto, a respectiva norma nos concede uma alternativa no caso da não definição, são os critérios de paralisação.
Critérios de paralisação da perfuração, segundo a NBR 6484/2020:
São 3 possibilidades.
10 metros consecutivos com valores N iguais ou superiores a 25 golpes;
8 metros consecutivos com valores N iguais ou superiores a 30 golpes;
Ou 6 metros consectutivos com valores N iguais ou superiores a 35 golpes.
Assim, o atingimento de uma das possibilidades justifica a finalização da investigação.
Mas atenção, além da constatação de uma dessas possibilidades, há mais uma situação para interrupção da sondagem.
Na mesma norma ficou acordado que devemos interromper a cravação do amostrador (perceba que não é a finalização do ensaio como no critério de paralisação anterior, e sim a interrupção da cravação naquele metro) em uma aferição de mais de 30 golpes para um único trecho de 15 cm de cravação. Igualmente, no caso de não observação de avanço do amostrador com 5 golpes sucessivos efetuados.
Após a observação de alguma dessas duas situações, a norma aponta que é hora do ensaio de avanço da perfuração por circulação de água. Esse ensaio deve durar 30 minutos com anotação das extensões dos avanços da perfuração a cada trecho de 10 minutos.
Finalmente, caso haja a obtenção de avanços inferiores a 50 mm em cada um dos trechos de 10 minutos, teremos a finalização da sondagem através dessa outra situação. Nesse caso específico, virá a constar no laudo a impenetrabilidade ao trépano/peça de lavagem.
Isso é tudo.
Simples, né? Agora, após a leitura você sabe bem quais são as bases que determinam a escolha do número de pontos de sondagem SPT, suas locações e suas profundidades. Na Fundestac, você conta com nossa grande experiência tanto como executores do ensaio, quanto como especialistas para a programação e interpretação das investigações. Além disso, você pode contar com um projeto focado na melhor solução técnica da sua obra. Entre em contato conosco pelo Whats App ou clique aqui e solicite um orçamento. Será um enorme prazer atendê-lo!
Sumário
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Até a próxima, abraço.